segunda-feira, 14 de junho de 2010

Mensagem do Presidente

Caros Associados e Amigos,

Volvidos que estão cerca de sete anos de vida associativa, cumpre-me informar da nova iniciativa, que espero que nos traga benefícios, nomeadamente de divulgação da Torre em geral e em especial da Associação Cultural e Recreativa da Torre.
Com o auxílio precioso de amigos foi possível realizar este “blog” para o qual desde já peço ajuda de todos os visitantes para o seu incremento e dinamismo.
Na verdade, tem sido com a colaboração de muitos associados e amigos que a ACRT tem sido desenvolvida, pois é incontestável que a desertificação não tem permitido às populações usufruir de iniciativas conjuntas e de convívio.
Esperamos que a ACRT continue a contribuir com a sua missiva.

Um grande bem haja!

José Amaral Marques

Cantar as Janeiras na Associação da Torre

Na noite de 24 de Janeiro, reuniram-se na Associação Cultural e Recreativa da Torre um conjunto de pessoas entre os 8 e os 70 anos de idade, munidos de acordeões, violas, pandeiretas e realejos. Afinaram as vozes e com pouca mestria, mas muita força de vontade, assim se iniciaram as cantorias e o cortejo.



As portas das habitações abriam-se com contentamento, enquanto o grupo assim cantava:







Boas festas, boas festas
Nós aqui as vamos dar
Às senhoras desta casa
Se as quiserem aceitar
Somos os Jovens da Torre,
Foi Natal e agora Reis,
Vimos pedir as janeiras
E as esmolas vós dareis
Levante-se lá minha Senhora
Desse banco de cortiça
Venha dar as Janeiras
Ou morcela ou chouriça


A população respondeu com entusiasmo e oferendas, desde chouriços, morcelas, rebuçados, chocolates e até alguns Euros. Do Deus «Juno», a quem se deve os nome de «Janeiro», ninguém se lembrou, mas o espírito da mitologia romana devida ao mesmo, foi devidamente cumprida, pois as “Janeiras”alegraram o povo da Torre e é também muita a alegria de ver como nem sempre a tradição já não é o que era.
Roucos os cantores, mas com alegria na alma e vontade de repetir nos «Janeiros» vindouros, seguiram, então, os convivas e quem aos mesmos se juntou no cortejo, para a Associação, onde puderam saborear alguns dos petiscos dados, devidamente regados, mas já invocando outro Deus, este grego, «Baco» de seu nome.
A Associação agradece a toda a população da Torre.

Sardinhada de São João na Associação da Torre

Na noite do dia 21 de Junho de 2009, a Associação Cultural e Recreativa da Torre (ACRT) celebrou o S. João com uma sardinhada oferecida aos sócios e amigos da colectividade.

Os convivas começaram a chegar pelas 20 horas e desde logo se colocaram os assadores a postos, com as sardinhas devidamente alinhadas. Depois de prontas para serem degustadas, as inicialmente previstas revelaram-se poucas e tiveram de ser reforçadas, por fim, o caldo verde, bem no ponto e preparado por algumas das associadas.

Outrora a Torre tinha por tradição fazer a fogueira do S. João, fogueira essa com reminiscências nas festas pagãs do solstício do Verão (que coincide com o começo da Estação), a queima era de rosmaninho, e esta também era realizada nas várias habitações, era uma forma de purificar as casas depois do longo Inverno e o fumeiro associado ao mesmo.

A ACRT tem ainda como novidade a instalação da internet, na sede da Associação, iniciativa desta com a colaboração levada a cabo pela Junta de Freguesia do Sabugal, o que permite aos associados estarem em comunicação com o mundo, nomeadamente com os vários associados residentes em muitos países estrangeiros (desde a França, Alemanha, Canadá e até Angola). Está para breve a criação de uma página da ACRT e ainda um e-mail à mesma associado, um grande bem haja à Junta de Freguesia que permitiu este benefício.

Há ainda que salientar a construção de um pequeno parque infantil, junto da sede da Associação, parque esse que se destaca pelas suas cores vivas e que permitirá às crianças tempo de divertimento, ainda que sejam escassas as habitualmente residentes.
Para melhoria do espaço ocupado pela Associação, a mesma recuperou uma nora que existia no «terreiro» da antiga escola primária, nora essa que foi colocada em destaque num pedestal em forma de poço com iluminação própria.
Continuamos a contar com todos os associados e amigos para fazer mais e melhor pela Torre, muito obrigado
José Amaral Marques

Cortejo de Oferendas em 1947 – Torre

Continuando a analisar as fotografias do Cortejo de Oferendas, realizado no Sabugal, em 1947, a favor do Hospital do Sabugal, eis hoje a representação da Torre.

A Torre é, hoje, uma localidade anexa do Sabugal, tal como era em 1947.
A representação da Torre está a desfilar junto à tribuna, onde se encontravam as altas individualidades da época.
Antes da Torre, termina o seu desfile o Soito (com a Banda Filarmónica a fingir, já motivo de crónica anterior).
A Torre apresenta um Rancho de raparigas, algumas ainda bastante jovens, que vão vestidas com saias à moda antiga e levam (algumas) um lenço ao pescoço.
A multidão que rodeia as participantes da Torre é imensa. Quase não há espaço para poderem executar a sua dança de roda.
Algumas das raparigas da Torre estão a tocar adufe e outras usam um chapéu de palha de aba larga, na cabeça.
Atrás (já depois do cartaz onde está escrito o nome da localidade) surgem umas mulheres com mais idade e vestidas com xaile preto.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

Festejos de Natal e Ano Novo na Torre

Tal como aconteceu no ano passado, a população da Torre festejou com muita alegria o Natal e a chegada do Ano Novo 2010.

Sendo uma época em que todas as terras do concelho recebem os emigrantes e imigrantes, a Torre também recebeu, este ano muitos emigrantes de França para quem desejamos que tenham tido uma boa viagem.

Como todos os anos em todas as aldeias existe a tradição do Madeiro e a Torre, não foge à regra, com a sua fogueira de Natal, mas nessa noite estava muito frio as pessoas refugiaram-se na associação, estando um pouco mais acolhedor.

No domingo a seguir ao Natal houve um sócio que ofereceu uma feijoada de javali e na segunda-feira outro sócio ofereceu um borrego e o nosso director «cozinheiro» fez um belo guisado para todos os sócios que estavam presentes.

Porque nesta época o S. Pedro é amigo de todos com o aparecimento da neve, houve alegria e as brincadeiras das gentes da terra.

Pelas 19 horas começaram a chegar às instalações as pessoas que estavam inscritas, para passagem de ano, cerca de 60 pessoas.

Foi servido o jantar: uma sopa de galinha, bacalhau à braz e lombinhos de porco com cogumelos.

Para além das entradas houve também uma grande variedade de sobremesas, e para acabar um café e o digestivo.

À meia-noite foi servido o tradicional Bolo-Rei acompanhado pelo Champanhe e as passas de uvas, com votos de muita saúde e paz para o ano 2010.

A festa continuou pela noite dentro com um bailarico feito com aparelhagem de som.
A Direcção da ACRT agradece a todos os sócios que participaram nesta actividade e que a ajudaram a organizar, permitindo-nos proporcionar à gente da nossa terra alguns momentos de confraternização que é sempre saudável e em especial na época natalícia, um muito obrigado a todos e Próspero Ano Novo 2010.

José Joaquim Amaral Marques


José Joaquim Marques nasceu há 39 anos no Sabugal. As voltas da vida levam-no até à Torre, anexa da freguesia do Sabugal, onde casou. Em 2003 é confrontado com o fecho do único café da aldeia e aceita o desafio de transformar as degradadas instalações da Associação num espaço mais acolhedor. Obra puxa obra e depois dos interiores foi tempo do parque de estacionamento, do palco das festas, do jardim infantil e da velha escola primária transformada em viveiro de vocações musicais. Há obra à vista na Torre.

José Joaquim Marques tem 39 anos e é natural do Sabugal. filho de Maria José e José Marques Lindeza, naturais do Fundão, que vieram para o Sabugal estabelecer-se com a abertura da Auto-Mecânica. Casou com Gabriela Marques na Torre e em Agosto de 2001 foi nomeado mordomo das festas de Nossa Senhora de Fátima. Na altura aceitou com a condição da receita apurada na festa ser investida na Torre. E nasceu a Associação Cultural e Recreativa da Torre. Mais pormenores na primeira pessoa…
– Em Setembro de 2003 vim passar um fim-de-semana à Torre. Entretanto chegaram ao pé de mim três pessoas – ti Domingos, José Saloio, Manuel Galdério – pedindo-me para fazer alguma coisa pela Associação da Torre. «A Ti Adorinda vai fechar o café e nós não vamos ficar aqui com nada», disseram-me. A Associação já estava constituída e este espaço onde nos encontramos por detrás da velhinha escola primária estava abandonado mas era o sítio ideal para instalar um espaço de convívio com bar. Decidi ir falar com a ti Adorinda e perguntei-lhe – sei que vai fechar, quanto é que quer pelas cadeiras, pelas mesas, pelo balcão, pela máquina de café? – e ela confirmou-me que fechava no final do mês. Pediu-me 1000 euros por tudo. E logo ali fechámos negócio.
Quando é que abriram?
– Falei com o João Susano e preparámos tudo para abrir provisoriamente logo em Outubro. No sábado fomos comprar bebidas, guardanapos, copos, etc., e no domingo no final da missa avisámos que o bar da Associação já estava em funcionamento. Até hoje.
– Vê-se muita obra feita. A recuperação do edifício da sede, o palco das festas, o jardim infantil, o estacionamento…
– Investimos todas as receitas do bar e as quota dos sócios em melhoramentos. A Escola Primária estava quase destruída e decidi ir ter com o Presidente da Câmara Municipal do Sabugal, António Morgado, a solicitar-lhe apoio. O Presidente pediu-me um orçamento com a indicação do que pretendíamos fazer. Como o edifício era propriedade da Câmara Muncipal e da Junta de Freguesia do Sabugal entrámos em negociações e conseguimos que o edifício fosse considerado património da Associação.
As actividades decorrem ao longo do ano?
– Temos 230 sócios e organizamos actividades ao longo de todo o ano. Fazemos a fogueira de Natal, as Janeiras, convívios, torneios de sueca, caminhadas, btt’s e passeios pelo país. Antigamente as pessoas de mais idade da Torre ficavam em casa mas agora já vêm até à nossa sede para beber um cházinho, para conversar com os amigos. Até por isso vale a pena este esforço.
A escola de música é uma grande aposta?– A escola de música surgiu por intermédio de uma das nossas directoras, a Claude, e da Sílvia, ambas cá da terra. Todos os sábados, das 14 às 18 horas, temos 32 alunos que vêm aprender com um professor de Vilar Formoso. Comprámos bombos para tentar criar um grupo de bombos. Estamos a trabalhar para o concelho. Não recebemos nada por ter cá a escola de música. O espaço tem sido utilizado, também, para exposições de artesanato em parceria com a Casa do Castelo de Natália Bispo.
Que projectos tem o presidente da Associação para o futuro?
– Gostaria de ampliar a sede da Associação e fazer uma piscina para tentar fixar os emigrantes durante todo o mês de Agosto na aldeia. Mas muito do trabalho feito só tem sido possível com a ajuda do João Susano, o Nabais, o Domingos e todos os outros.
«Temos feito uma grande obra que muito nos orgulha. e para esta gente da Torre continuo sempre com forças para continuar», diz-nos a terminar José Joaquim Marques, presidente da Associação Cultural e Recreativa da Torre.

Galeria

Imagem da Nora
Escola de Música
Imagem do Palco

À fala com… Joaquim Esteves Saloio


O sabugalense Joaquim Esteves Saloio teve engenho e arte para concretizar uma difícil passagem de testemunho enquanto presidente da Mesa da Assembleia Geral dos anteriores órgãos sociais da Casa do Concelho do Sabugal. Vamos conhecer um pouco melhor este carismático bancário-advogado.

Joaquim Esteves Saloio, é natural da Torre, no concelho do Sabugal. Nasceu no seio de uma família de agricultores e foi o quinto de seis filhos de Manuel José Saloio e Maria Domingas Martins Esteves.

Frequentou a Escola Primária na Torre mas nesse tempo o exame da 4.ª classe era feito no Sabugal. A custo lá confessou que sabia muito bem a data, 1956, porque tinha ganho o prémio do melhor exame desse ano no concelho do Sabugal. Insistimos para que nos explicasse como tudo aconteceu apesar de nos ir dizendo que «talvez fosse melhor não pôr isso no artigo»:

– Era um tipo muito envergonhado na terceira classe. Houve uma altura em que a professora da classe feminina adoeceu e levavam as raparigas à tarde para a nossa sala. Invariavelmente tinha dores de barriga para me deixarem ir mais cedo para casa. O exame da quarta classe no Sabugal foi feito pelo director e pela professora Nina, que dava aulas na Colónia Agrícola de Martim-Rei. Trocavam muitos segredinhos e como pensei que eram namorados fui respondendo descontraidamente às perguntas. No final deram os parabéns à minha professora, a D. Isabel Baltasar, mulher de José Maria Baltasar, que foi presidente da Câmara Municipal do Sabugal antes do 25 de Abril.

Nesse ano ingressou no Seminário Menor da Guarda (instalado no Fundão) onde estudou durante cinco anos. Mas logo nas primeiras férias do Natal quando chegou à aldeia o primo, António Esteves Morgado (que veio a ser presidente do município sabugalense), correu a dizer-lhe: «Oh Quim! Tens que ir à escola porque a professora tem uma caixa com 36 livros e um diploma do melhor exame para te dar.» E assim ficou registada a data para sempre.

Joaquim Saloio frequentou o Seminário Maior na cidade da Guarda durante sete anos. Foi jogador-treinador da equipa dos seminaristas entre 1965 e 67 e recorda os renhidos desafios com o Colégio de São José, do Outeiro de São Miguel, do Reformatório do Mondego e com o Liceu da Guarda onde alinhava o célebre Cameira que chegou a ser internacional português.

Concluiu o curso de Teologia com 23 anos e o padre Joaquim Teles Sampaio, da Amoreira, levou-o para Moçambique para a paróquia de Macuti, na Beira, onde foi responsável pelo canto coral, catequese e escutismo acumulando com as aulas de Moral na Escola Industrial e Comercial Freire de Andrade. «Não fui ordenado padre porque ainda não tinha feito 24 anos. Eu teria requerido a dispensa da idade se o bispo me proporcionasse trabalhar em equipa com os padres Pereira de Matos e Bernardo José Guerra Ribeiro», esclareceu-nos a propósito.

Passado um ano foi incorporado na tropa em Lourenço Marques, primeiro com a especialidade de secretariado e depois em Nampula, como alferes na chefia dos Serviços de Contabilidade e Administração. Aproveitou para dar aulas e ganhar algum dinheiro extra na Escola Industrial e Comercial Neutel de Abreu.

– Um dia entra pela repartição dentro um tipo a dizer que era da Guarda. «E eu também», respondi-lhe. «Sou do Sabugal», acrescentou então. «E eu também», repeti. Olhámos um para outro incrédulos. E foi lá longe em Moçambique que conheci o Morgado Carvalho do Soito. Foi uma festa.
Em 1974, a seguir ao 25 de Abril, regressou ao continente e ao Sabugal.

– Concorri e entrei no BES (antigo Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa) tendo ficado colocado nos serviços centrais na sede. Passei pela secção de letras, pelo departamento Internacional e finalmente fui secretário do Conselho de Administração do BES durante cerca de 13 anos. Pertenci durante muitos anos à direcção do Grupo Desportivo do banco onde em colaboração com Nuno Espinal fundámos o BESCLORE (Grupo de Danças e Cantares do BES).
Decidiu matricular-se na Universidade de Direito tendo-se licenciado em Direito em 1982.
Em Outubro de 2000 ingressou nos corpos sociais do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) como presidente do Conselho Geral e desde 2003 é presidente da Mesa Unificada da Assembleia e Conselho Geral.

– Uma dia, José Cunha, director do banco combinou comigo ir comer lebre com feijão branco a um restaurante na Baixa. Fiquei sentado ao lado do dono dos armazéns Capelo. E a propósito do Sabugal, o senhor Manuel Capelo diz-me que ainda era primo de uma tal Ti Domingas. Na Torre apenas duas mulheres tiveram esse nome e uma já tinha morrido – Só pode ser a minha mãe – disse-lhe concluindo que acabava de conhecer mais um primo.
As estórias das férias de Verão de Joaquim Saloio enquanto andou no Seminário foram mais que muitas. Entre as publicáveis aqui ficam duas:

– Com os nossos 18 ou 19 anos eu e o meu primo, António Morgado, iamos até ao Ozendo e costumavamos visitar a Ti Isabel, mãe da Alexandrina Pereira. Nesse tempo as mulheres sentavam-se nas escaleiras das casas à fresca da tarde. Comentando o pagamento das patentas* uma das senhoras presentes virou-se para nós e disse – Vocês os dois! Se algum vier casar ao Ozendo não paga de patenta menos de cinco contos de réis! – ficámos, estupefactos, a olhar um para o outro mas rematámos «Não importa! Arranjamos melhor sem ter que pagar a patenta!» e fomos embora. Aqui fica outra… Uma vez na Capeia de Quadrazais, como andava no seminário, tive um lugar reservado só para mim na janela da casa da Olinda, filha da Ti Maria do Balhezinho. A meio da capeia apareceram duas raparigas na janela do lado. A dona da casa apresentou-nos e diz-me – Éh Quim! Atira-te a elas! São universitárias!
E terminou com música: «Na altura o Rádio Altitude era conhecido como o Rádio Moca. No top das músicas pedidas esteve durante muito tempo a Baby Baby Camback. Outras modas!»
Fez-se sócio da Casa do Concelho do Sabugal por influência da então estudante Amélia Martins, de Rendo. «Colaborei com a Casa no Conselho Fiscal e ultimamente como presidente da Mesa da Assembleia Geral onde passei uma das mais atribuladas fases da instituição. Felizmente que tudo está no bom caminho. Agora é preciso olhar para a frente.»
Joaquim Esteves Saloio na primeira pessoa.

* A «Patenta» ou «Pagar o vinho» era uma moda que caiu em desuso nas terras raianas em que os forasteiros que quisessem namorar raparigas da aldeia eram obrigados a pagar uma borga para todos os solteiros. Só depois lhe era permitido circular e permanecer junto da casa da sua amada.

Torre homenagea Frei João Domingos

No passado dia 9 de Agosto comemoraram-se na Igreja da Torre, concelho do Sabugal, as bodas de ouro sacerdotais do Frei Dominicano João Domingos da Ordem dos Pregadores. As cerimónias coincidiram com a data de aniversário do homenageado que nasceu há 75 anos no dia de São Domingos.

A Eucaristia de Acção de Graças decorreu na Igreja da Torre, concelho do Sabugal, pelas 12 horas, presidida por D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, e acompanhado pelo Provincial Frei José Nunes, frei Pedro Fernandes (irmão do frei João), frei Bernardo Domingues, frei Miguel dos Santos, padre Hélder, padre Souta (anterior pároco do Sabugal) e diácono António Lucas Fernandes.

A cerimónia foi seguida de um almoço-convívio organizado pela família que contou com a presença de cerca 170 pessoas entre familiares e amigos.

No final da refeição foram projectadas fotografias e o percurso de Frei Domingos e lido um texto baseado numa entrevista efectuada por uma aluna do ICRA ao homenageado.
A homenagem contou ainda com a presença do Cónego Pereira de Matos (Vigário Geral da Diocese da Guarda) e do Padre José Júlio.

Frei João Domingos fez nesse dia, precisamente, 75 anos, tendo nascido com o nome de Domingos Fernandes, numa aldeia chamada Torre, do concelho e paróquia do Sabugal, distrito da Guarda. O nome foi-lhe dado por ter nascido perto do dia de S. Domingos.
No seio de uma família da classe média, agricultores e pastores, cresceu com os valores do catolicismo. A ida à missa, à catequese e a oração do terço ao final do dia na igreja, faziam parte do seu quotidiano. Com os pais, cuja convivência era pacífica e fiel, aprendeu a verdade e honestidade, a franqueza e confiança.

O início do seu caminho pela vida religiosa começou a desenhar-se em 1946, após o exame da 4.ª classe, com a vinda de uns padres dominicanos da Ordem dos Pregadores que realizaram exames de admissão ao seminário. A Ordem tinha um Seminário Menor, perto de Fátima, onde ministrava o curso liceal. Fez o exame e foi aprovado. Recebeu o nome de João, na tomada de hábito em 1951, a 7 de Setembro, nome religioso que o ligava à Ordem dos Pregadores ou Dominicanos. A partir daí foi sempre chamado por Frei João Domingos.

Em Julho de 1955, o Superior, um padre dominicano canadiano, chamou-o e perguntou-lhe se estava disposto a ir para o Canadá estudar teologia durante 4 anos. Respondeu afirmativamente, fez os votos solenes (perpétuos) e partiu.
Durante esse período, para além do estudo, ajudou muitos emigrantes portugueses no Canadá, a maior parte deles vindos dos Açores, que tinham dificuldade com a língua. Ajudou-os na Emigração, no Ministério do Trabalho, com o preenchimento de papéis e mudança de contratos de trabalho.

Trabalhou, posteriormente, na América, três meses por ano, durante 23 anos, num Centro de Atendimento e Aconselhamento, aprendendo muito com as pessoas e, sobretudo, com os psicólogos e psiquiatras com quem trabalhava, para ajudar as pessoas a resolverem os seus problemas.

Em França, esteve no ano de 1968, ano do ressurgimento da juventude na Europa. Passou por Paris e outras cidades, mas foi em Estrasburgo que passou um ano escolar inteiro, onde vivia com os dominicanos e estudava na Faculdade de Teologia. Celebrava, também, missa numa Escola de Reeducação de Jovens e numa igreja onde se reuniam os emigrantes portugueses.

Em Portugal, trabalhou oito anos no Seminário dos Dominicanos em Aldeia Nova, sete dos quais como Director. Passados, esses 8 anos, foi Superior do Convento dos Dominicanos em Fátima onde ajudou a criar, um Centro do Estudos, aberto a seminaristas e jovens, rapazes e raparigas, novidade que, na altura, nem toda a gente aceitou bem. O centro conta hoje com mais de quatro mil estudantes.
Em 1975 voltou ao Canadá onde estudou durante um ano. Regressou em 1976 e foi viver em Lisboa na Casa dos Dominicanos em Benfica. Foi nomeado Director do ISTA (Instituto de Teologia São Tomás de Aquino) e começou a dar aulas de teologia na Universidade Católica de Lisboa. Nesse tempo, desempenhou, simultaneamente, outras funções, como: pregação e animação das pequenas comunidades religiosas de padres e irmãos operários, inseridas nos bairros de Lisboa e Porto e nas aldeias do Interior.
Em 1981 iniciou o seu percurso no país em que permanece até hoje, 2008, Angola. O projecto dos Dominicanos em África inclui o trabalho como missionários na pastoral, na educação, na promoção e no desenvolvimento do povo.

Em Agosto de 1988, respondendo ao pedido dos bispos da Igreja Católica, assumiu a reitoria do ICRA (Instituto de Ciências Religiosas de Angola) em Luanda. Assim, em Setembro desse ano assumiu o ICRA e a paróquia do Carmo, juntamente com outros dominicanos onde foi pároco durante quatro anos.

A partir de 1992, deixou de ser o pároco, mas continua sempre a trabalhar como colaborador, apenas ausente desde Setembro de 1992 a Agosto de 1993, ano sabático, em que esteve em Jerusalém, em estudos bíblicos.

O ICRA foi criado pelos bispos de Angola a 8 de Dezembro de 1984 e tem como objectivos a formação de quadros angolanos baseada em filosofias de altruísmo e honestidade.

As competências adquiridas de frei João Domingos incluem ainda: «Filosofia e Teologia» na Faculdade de Teologia Católica, em Strasbourg, França; «Mestrado em Teologia Dogmática», na Faculdade de Teologia, do Collegium Philosophiae et Theologiae Dominicanum, Ottawa, Canadá; Director e professor no Seminário Dominicano português, professor de «Filosofia» no Centro de Estudos de Fátima; professor de «Teologia» na Universidade Católica de Lisboa; reitor e professor de »Doutrina Social da Igreja» no Seminário Maior e no ICRA, em Luanda; professor de Deontologia no curso médio «Educadores Sociais e Doutrina Social da Igreja e Direitos Humanos», no Seminário Maior de Luanda e no curso de Educação Moral e Cívica; professor de «Teologia Pastoral» no Seminário Maior de Luanda; professor de «Deontologia» no Curso Médio de Educadores Sociais; e Professor do «Pensamento Social da Igreja» no curso superior de Assistentes Sociais no Instituto Superior João Paulo II onde foi também reitor e professor de «Direitos Humanos» no curso superior de Professores e Educação Moral e Cívica, no mesmo Instituto João Paulo II, em Luanda.

Foi agraciado em 1998 com a comenda Ordem Mérito do Estado Português.
Natália e Gabriela (primas do Frei João Domingos)

Convívio anual da Associação da Torre

Mantendo a tradição realizou-se por iniciativa da Associação Cultural e Recreativa da Torre um churrasco para todos os associados, familiares e população da Torre. O convívio ocorreu no dia 10 de Agosto, antecedido de uma Assembleia Geral de apresentação de contas e debate de pontos de interesse associativos.




O churrasco consistiu num porco assado no espeto, no momento, pela firma «Soares», de Castelo Branco. O bicho encontrava-se com um excelente tempero e boa assadura, e pouco sobrou, sendo inúmeras as pessoas presentes. A Associação providenciou ainda pão, bebida variada e fruta no final.
A festa realiza-se nesta data para permitir o convívio dos muitos emigrantes naturais da Torre, ou com raízes nesta, e que se deslocam em Agosto. Muito tem contribuído a Associação pelo são convívio da população da Torre, dada a inexistência de qualquer outro local onde as pessoas se possam encontrar, beber uns copos, falar das suas vivências ou alheias, jogar às cartas, snooker, matraquilhos ou ping-pong.
Tendo em vista prosseguir com os melhoramentos que a Associação tem levado a cabo, este ano, conseguiu, com o dinheiro angariado, construir um palco digno de concertos de envergadura.
A Associação agradece a todos os associados e amigos da Torre que muito têm contribuído para que se continue no bom caminho, em especial as pessoas que ao longo do ano mantêm a Associação viva.
Um grande obrigado e que forças e vontade haja para continuar.
Joaquim Marques (presidente da Direcção)

Direcção

ASSOCIAÇÃO CULTURAL E RECREATIVA DA TORRE

ASSEMBLEIA GERAL

Presidente:
Joaquim Esteves Saloio

Vice-Presidente:
António Ramos Martins

Secretário:
Sergio Rui dos Santos Margalho

DIRECÇÃO

Presidente:
José Joaquim Amaral Marques

Vice-Presidente:
João Martins Suzano

Tesoureiro:
Manuel Nabais Martins

Secretária:
Claudina Gonçalves Nabais

Dir.das Instalações:
Domingos Fernandes Gonçalves

Dir. Equipamento:
Manuel Morgado Teodoso

Director das Actividades Desportivas:
Roberto Esteves

Director das Actividades Culturais:
Silvia Suzano

Director das Actividades Sociais:
Sofia Jorge

Vogal:
José Martins Saloio

Vogal:
Joaquim Domingos Cristovão Vaz

Vogal:
Leonel Candeias

Vogal:
José Manuel Esteves

Vogal:
Manuel Diogo

Vogal:
Joaquim Norberto Fernandes

CONSELHO FISCAL

Presidente:
Ilidio Santos Alves

Vice-Presidente:
Olivio Melro

Secretário:
António Paulo Ambrosio Martins