quarta-feira, 21 de setembro de 2016
terça-feira, 13 de setembro de 2016
Lindo Por do sol na Torre
A felicidade está onde menos se espera. É a razão pela
qual vivemos. É o pôr do sol por qual esperamos.
Jakson
Trindade
terça-feira, 6 de setembro de 2016
Bodas sacerdotais do Frei Pedro Fernandes
No dia
21 de Agosto de 2016, celebraram-se as bodas sacerdotais do Frei Pedro
Fernandes. A missa foi celebrada na igreja da Sua Aldeia natal, a Torre, homília
celebrada pelo próprio e com a presença do anterior Provincial Frei José Manuel
Valente da Silva Nunes, Sr. Padre Soita, o actual pároco do Sabugal Sr. Padre
Manuel Igreja Dinis, bem como o diácono António Lucas.
O
Frei Pedro da Cruz Fernandes, neste ano 2016, faz 76 anos de idade, com o nome
de José da Cruz Fernandes. Nasceu numa Aldeia chamada Torre, do concelho e
paróquia do Sabugal, distrito da Guarda. Foi- lhe dado o nome de José porque nasceu no dia 19 de Março,
Festa de São José, e dia do Pai.
Os
seus pais, Manuel José Fernandes e Isabel Maria Candeias, eram pessoas simples,
de classe média, agricultores e pastores ao mesmo tempo, nasceu-lhe este quarto
filho ( José ), num total de cinco:
Joaquim, o mais velho nasceu em 1927, Manuel nasceu em 1931, que faleceu em
1976, no Canadá; Domingos que nasceu em 1933, e faleceu em Lisboa, no ano 2010,
no dia do seu aniversário natalício, com 77 anos; o José nasceu em 1940; e Maria da Conceição nasceu em 1946.
No
seio desta família, o José cresceu
com valores cristãos; frequentou a catequese, ia à missa, fazia as suas
orações. Na sua terra havia terço, todas as noites, na igreja. Ele ia com certa
frequência. Também se rezava o terço em casa, mas não todas as noites. Tudo
isto fazia parte do quotidiano. Os pais estavam atentos ao crescimento dos
filhos, e procuravam criar um clima de compreensão, cooperação, e ajuda,
incutindo-lhes um bom comportamento, através do exemplo. Os pais preocupavam –
se com os filhos pela ida à escola, à catequese, à missa, e que cumprissem os
seus deveres de filhos obedecendo às ordens e mandato dos pais. Pediam respeito
para com os mais velhos. Antes de irem à cama, deviam pedir a bênção às pessoas
mais velhas, que estivessem presentes, fossem da família ou não.
Com
os pais, cuja convivência era pacífica e fiel, o José tentou aprender a viver num clima de confiança, de verdade,
e honestidade.
Como a maior parte das crianças, aos sete anos
de idade, foi para a escola primária, onde teve um professor muito exigente, e
cumpridor dos seus deveres. Porém, era muito severo com os alunos. Ai daquele
que fosse indisciplinado ou não fosse pontual, ou desse erros gramaticais;
tinha que experimentar a régua ou a vara, que servia para apontar no quadro,
mas também na cabeça do aluno.
Era bom profissional, mas batia bastante nos
alunos, criando neles mais um clima de medo, do que de confiança. Além da
escola, tinha que ajudar os pais na agricultura e na guarda das ovelhas. Não
tinha muita queda para a agricultura; guardar as ovelhas era-lhe mais fácil.
Ao terminar a quarta classe punha-se o dilema:
ficar como guarda do rebanho, ou seguir outro estilo de vida. Mas ficar a
guardar o gado impedi-lo-ia de estudar. É verdade que os pais eram pobres e não
podiam oferecer grandes estudos. Além disso, tinham cinco filhos e um já se
encontrava a estudar no Seminário. Se o José fosse estudar, era aumentar a
despesa da casa, e os recursos eram escassos. Apesar disso, os pais
sacrificaram-se e deixaram-no ir para o Seminário, seguindo as pegadas do
irmão Domingos.
Mas
como o Domingos já se encontrava no Seminário foi-lhe proposto ir para o mesmo
Seminário que o irmão frequentara. Como aconteceu? No relato do próprio: O meu
pároco, em 1953, aproveitou uma vinda do Director do Seminário, que veio ao
Sabugal, e convidou – me para uma entrevista
com o Padre Luís Cerdeira, o qual estava interessado em fazer o exame de
admissão ao Seminário, não só a mim, mas também a outros alunos que terminaram
a quarta classe, sendo alguns da minha terra..
Ao
ser aprovado no exame de admissão, a mãe começou a tratar do enxoval e das
coisas necessárias para que o seu filho José partisse para o Seminário. Tratou
de marcar a roupa, preparar a mala com o essencial exigido, e preparar a
viagem. É claro que isto ia custar bastantes gastos. Estariam os irmãos mais
velhos dispostos a ajudar os pais, para pagar as despesas no Seminário. Não só
não opuseram, como foram mesmo generosos e sacrificados. Fico- lhes muito
grato, pelo sacrifício que fizeram, para que eu pudesse continuar a estudar.
Sem essa ajuda e sacrifício, não seria possível continuar no Seminário; foram
anos difíceis, para toda a família,
sobretudo até ao fim do quinto ano.
Diziam que se ia para o Seminário era para ser
padre; mas com 13 anos, sabia – se lá o que era isso de ser padre. O que a
pessoa queria era sair do campo e ir estudar. Foi mesmo uma aventura sair da
terra, tomar o comboio na Guarda para Caxarias, para ir para o Seminário de
Aldeia Nova, Olival. Foi mesmo uma aventura e custou - me bastante estar
ausente dos meus familiares, sem ir a férias, a não ser no verão.
Quando
cheguei a Caxarias, estava o Pe. Luís Cerdeira à nossa espera, para nos acolher
e conduzir até Aldeia Nova. Foi onde eu vi, pela primeira vez, um homem vestido
de branco; disseram-me é um frade dominicano. Lá fomos nós para o Seminário,
uma casa grande que não tinha luz eléctrica, onde encontrámos outros
seminaristas, vindos de várias regiões do país. Era um mundo totalmente
desconhecido para mim: a aldeia, a casa, e as pessoas, que viviam e estavam no
Seminário.
Custou-me
a adaptação ao Seminário, aos professores, ao ambiente, ao estudo das várias
disciplinas. Foi um ano exigente, e não soube aproveitar este ano, porque
reprovei. Além deste ano perdido, permaneci no Seminário, mais cinco anos.
Em
1959, depois de concluir o Seminário, e de ter as férias de verão em casa dos
pais, fui para Fátima, iniciar o noviciado para frade dominicano, onde me deram
o nome de Frei Pedro. No dia 3 de
Agosto de 1959 eu e mais onze colegas, que terminámos o quinto ano em Aldeia
Nova, tomámos o hábito, dando início ao noviciado. Esta etapa da vida era para
conhecermos melhor as Constituições da Ordem, conhecer a espiritualidade
dominicana, ter grandes momentos de oração comunitária; fazer leitura
espiritual; ter aulas de introdução à Sagrada Escritura, à Liturgia, fazer
também trabalhos manuais. Foi um tempo de exigência, e passei por algumas
crises, ao ponto de querer desistir. Mas, com a ajuda da oração, do Pe. Mestre
( Frei Tomás Videira), e do meu
irmão João Domingos, que nessa
altura, estava como director do
Seminário de Aldeia Nova, as crises foram superadas.
A
mudança do Seminário de Aldeia Nova para Fátima, foi grande; foi uma etapa
difícil: abraçar a vida religiosa. Cada dia que passava, maior era a exigência.
Fui encontrar uma comunidade onde viviam vários padres, Estudantes mais velhos,
Irmãos Cooperadores Era já uma grande comunidade.
Apesar da vida ser diferente do Seminário onde
andara seis anos, o facto do meu irmão, Frei João Domingos, após ter regressado
do Canadá, onde estudara Teologia, e fora ordenado presbítero, em 11 de Março
de 1958, estar como Director de Seminário de Aldeia Nova, e estar perto de
Fátima, era para mim um apoio moral. Tudo contribuiu para me entusiasmar a
seguir em frente, embora sabendo que iria ter sempre problemas e dificuldades.
Mas quem os não tem? Porém, confiava em Deus, e na oração das pessoas, que
rezavam por mim.
Pouco
tempo depois do começo do meu noviciado, os Superiores permitiram- me que
fosse, à minha terra, quando o Frei João foi cantar a Missa Nova, em 1959.
No fim do ano de noviciado ao ser aprovado
pelo conselho do convento, e manifestando eu o desejo de continuar a caminhada,
em 8 de Agosto de 1960, fiz a profissão simples; e em 1963 fiz a profissão
solene. Após o noviciado, durante os sete anos seguintes, estudei filosofia e
teologia no nosso convento de Fátima, com outros estudantes de várias
Congregações, que residiam em Fátima.
Em
16 de Abril de1966 fui ordenado presbítero pelo Senhor D. João Venâncio, Bispo
de Leiria. Passado um ano ou dois anos, o Pe. Provincial (Frei Raúl Rolo), que
tomara posse, no dia 11 de Março, desse mesmo ano, mandou-me como responsável
dos Estudantes para a Quinta da Rainha, em Queluz de Baixo, onde passámos a
residir. Os estudantes iam às aulas ao ISET a Lisboa. Todas as manhãs tinham
que apanhar o autocarro para Lisboa. Para mim, foi uma etapa muito exigente,
pois não tinha qualquer experiência, nem preparação pedagógica, para lidar com
aqueles rapazes, que tinham sido meus colegas em Fátima. Considerava –me mais
como colega, do que como Superior dele.
Nos
anos 1969 /70 fui convidado pelo Pároco de Fátima, juntamente com mais cinco
sacerdotes, para pregarmos uma Missão de uma semana, na paróquia. Meu irmão, um
dos convidados, pregou na zona do Santuário; eu na Moita Redonda; os outros
padres pregaram noutras zonas da paróquia. Os cinco missionários todos os dias,
almoçávamos juntos com o pároco, fazíamos uma avaliação do trabalho apostólico
do dia anterior, para saber como reagiam as pessoas à pregação. Não há dúvida
que foi uma experiência apostólica enriquecedora. Foi o meu baptismo pastoral:
pregar a Palavra de Deus ao povo. Sim, porque uma coisa é aprender as coisas
nos livros, e outra é aprender com as pessoas, ouvindo os seus problemas, as
suas dúvidas, e apreciar os seus sonhos e esperanças.
Fiz
um trabalho idêntico na paróquia do Olival. A mim calhou - me a zona da
Barrocaria, onde convidavam as pessoas para a pregação, através de um buzio,
que ecoava por aqueles montes e vales. Neste contacto directo com a realidade,
no contacto com as pessoas, dialogando com elas, aprende - se muito. Nunca
esquecerei estas primeiras experiências pastorais.
Em
1971 a província comprou dois andares com quatro apartamentos cada um, para a
nova residência dos estudantes de filosofia e teologia. Deixaríamos a Quinta da
Rainha em Queluz, e passaríamos a residir em Lisboa. Foi preciso adaptar as
novas instalações, mobilar a casa, e criar condições para ser habitada. Foi
bastante difícil a adaptação: deixar um convento em Fátima, e ir morar para uns
andares em Lisboa, num estilo de vida muito diferente, obrigava a muita
ginástica. Os primeiros anos foram difíceis; alguns estudantes desistiram;
outros ficaram. Também era uma época conturbada, quer sobre o ponto de vista
político, quer eclesial, e tudo isso tinha os seus reflexos na comunidade.
Não era fácil educar, nessa altura, nem
administrar uma casa, sem qualquer experiência, da minha parte. Porém, essas
dificuldades também me ajudaram a dar mais valor às coisas, e a viver melhor o
voto de pobreza. Deu-me experiência de saber, o custo da vida, sobretudo quando
ia às compras para a cozinha e não só.
A pedido dos Superiores, em 1972, fui para
Bruxelas frequentar um ano de pastoral, no Instituto “ Lumen Vitae”, orientado
pelos Jesuítas, onde estudei sobre a Evangelização e a Juventude. Não há dúvida
que foi um ano rico em conhecimentos, em que conheci muitos estudantes, vindos
de vários países e continentes. Tive aulas com bons professores, que me abriram
horizontes.
Em
1973/1974 estive em Aldeia Nova em que se encerrou o Seminário. Os estudantes
que havia foram para Fátima, frequentar o CEF ( Centro de Estudos de Fátima )
que era uma espécie de cooperativa de ensino, e que funcionava nas instalações
do nosso convento.
Depois
fui residir na Comunidade de Fátima, onde exerci dois mandatos como prior do
convento. Em 1986 fui nomeado Mestre de noviços, cargo que exerci nos anos em
que tivemos noviços.
Deixando
a província de ter noviços, em 1995, o Senhor Bispo de Beja fizera um pedido ao
Pe. Provincial (o Frei Mateus), para enviar alguns dominicanos para a sua
diocese. Dizendo sim ao convite do Senhor Bispo, o conselho da província
decidiu criar uma comunidade dominicana em Odemira, Diocese de Beja, com dois
padres e um diácono, e um dos enviados fui eu.
Na
verdade, foi uma mudança colossal: sair de Fátima para o Alentejo, zona por mim
desconhecida. Foi uma nova experiência, onde aprendi muito com os alentejanos:
gente simples, boa, muito amiga. Apesar de serem desconfiados, porque muitos
escaldados, apercebi-me que são amigos de verdade, sobretudo, quando
experimentam que somos verdadeiros e coerentes com eles. Os oito anos e meio
que passei no Alentejo, tanto em Odemira como em São Teotónio, marcaram -me
positivamente, em todos os aspectos. Apendi muito com aquela gente. Foi muito bom
dar catequese aios adultos e dar assistência na cadeia de Odemira e ouvir as
reclusas. Ainda hoje lá estaria se não fosse enviado em 2004, pelo Padre
provincial, para Pároco de Cristo Rei no Porto.
Eu
que nunca tinha sido pároco, iria iniciar uma nova experiência. É verdade o que
se diz: estamos sempre a aprender; temos que aprender até morrer. Aprendi muito
com esta gente do Porto, quer trabalhando com as crianças da catequese, quer
com os jovens dos convívios, nas caminhadas feitas, nos campos de descoberta
que tivemos e em que todos os anos participei, quer com as equipas de Casais de
Nossa Senhora, quer com os idosos, quer com a colaboração da Comissão
Fabriqueira, quer com o Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes, quer com
as pessoas que me procuravam para direcção espiritual, ou para as ouvir em
confissão. Certamente que recebi mais do que dei. Senti-me bem acolhido pela
comunidade dos frades e pela comunidade paroquial.
Em
2013 fui eleito Prior provincial, o que me obrigou a deixar a paróquia e estar
mais disponível para visitar as comunidades dos dominicanos de Portugal e de
Angola. Esta nova missão exige de mim fazer mais viagens, ter mais reuniões,
dentro e fora do país.
Depois
de todas estas experiências, chego à conclusão que ninguém vive para si mesmo,
mas para os outros; e é servido que ficamos mais ricos.
Agradeço
a Deus todas as graças que me tem dispensado, assim como agradeço as pessoas
que Ele tem posto no meu caminho, nomeadamente os meus familiares e amigos, que
me têm ajudado, ao longo da vida. Muito do que sou, a Deus e a eles o devo. Que o Senhor, a todos
recompense.
Gabriela Marques
Fotos : Domingos Fernandes e Alina.E
Fotos : Domingos Fernandes e Alina.E
domingo, 4 de setembro de 2016
sábado, 3 de setembro de 2016
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